Infância
Ora aqui estamos. A bela e feliz infância. Sem responsabilidades, sem problemas, só viver a vida. Mas...é claro que nem todas as crianças tinham essa sorte. Eu por exemplo. É verdade, eu vivi a minha infância revoltada por não puder ter o normal que as crianças gostam e vibram por aquelas epocas festivas como por exemplo o natal.
Quando um miudo ou miuda fazia anos no bairro, eu não podia ir. No carnaval, não podia me mascarar, mas o que me custava mais era o natal. Dia 25 de Dezembro. O dia mais triste do ano. Sem prendas, sem amigos para brincar, um silêncio assombroso quando abria a porta da rua na esperança de ver alguem.
O bairro parecia estar abandonado. Nem um carro passava. E mesmo com familia grande, a manha do dia de natal em casa era silenciosa. Tudo a dormir porque tinham passado as ultimas 48 horas a trabalhar. Eu também já ajudava mas o chefe de família, ou seja o meu pai, mãe, os meus dois manos mais velhos, a minha irmã mais crescida e a minha irmã mais velha que eu dois anos. Como o nosso pai conseguiu com muito trabalho e cabeça iniciar a sua empresa, os meus manos trabalhavam com ele. Mesmo que estivessesm a trabalhar noutro lado, no natal trabalhava tudo na fábrica de pastelaria do nosso pai. Nessa época era muito bom. Fazia-se muito dinheiro. Desde o princípio do mês de Dezembro que era só trabalho. Claro que o nosso pai tinha de por mais pessoas a trabalhar na fabrica e até não pagava nada mal.
Mas, continuando. No dia de natal podia não ter prendas, e não estar com primos, tios, tias, mas iamos sempre almoçar fora. Isso já fazia parte do ritual. E não eramos a única família a fazer isso porque tinhamos sempre esperar para ter mesa. Ainda por cima eramos sete.
Assim ficam a saber como era o meu natal em criança.